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  • 07/05/2025
Em meio aos muros do sistema prisional, mulheres privadas de liberdade enfrentam os desafios da maternidade com força e esperança. No Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, mães custodiadas vivenciam a criação de seus filhos pequenos dentro da unidade, enquanto lidam com a saudade dos que ficaram fora. Nesta semana do Dia das Mães, histórias de mulheres que criam seus filhos dentro da prisão e vivem a saudade daqueles estão longe, revelam os desafios, e a força para seguir em frente

Reportagem: Jamille Marques
Cinegrafista: Thiago Gomes

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Notícias
Transcrição
00:00Aqui a unidade, o CRF, dentro da região metropolitana é a única.
00:06Então a gente pode considerar que seja um complexo penitenciário
00:09de pessoas privadas de liberdade do sexo feminino.
00:13Aqui nós abraçamos as presas provisórias,
00:17as presas sentenciadas já em regime fechado e semiaberto.
00:21E dentro da política penitenciária aplicada
00:24à pessoa privada de liberdade feminino,
00:27é feita toda a estrutura voltada para atender a necessidade
00:33dessa pessoa privada de liberdade, que é mãe, que é filha,
00:37que lá fora era rimo de família.
00:40Então para atender essas necessidades.
00:43O cárcere em si é bastante difícil.
00:46Não só para a pessoa que está privada de liberdade,
00:50como para ajustar as políticas penitenciárias
00:53penitenciárias para atender essa demanda que, na realidade,
00:58o corpo diretivo ou o corpo técnico fica sabendo da demanda
01:02dessa pessoa privada através da assistência que é fornecida
01:06dentro do âmbito penitenciário.
01:08Tenho dois filhos, né?
01:10E sempre que essa data é uma data muito dolorida.
01:15porque já faz muitos anos que eu estou longe de casa, longe dos meus filhos.
01:22Quando eu saí de casa, meus filhos eram crianças ainda.
01:25O meu caçula tinha 10 e o meu filho mais velho tinha 12.
01:30E essa ruptura, essa separação, ela sempre causou muita dor.
01:34Então eu acredito que é uma das datas mais difíceis que tem.
01:39Porque eu sinto falta dos meus filhos, sinto falta da minha mãe.
01:44E assim, estar dentro desse lugar durante todos esses anos,
01:48porque eu já estou encarcerada há 11 anos, não é fácil.
01:52Apesar de que eu tento ser forte, apesar de que eu tento ser resiliente,
01:58eu procuro fazer de um limão a limonada, mas não é fácil.
02:03Mas assim, graças a Deus que eu tenho apoio da minha família,
02:08mesmo eles estando de longe.
02:10Meus filhos são motivo de orgulho.
02:12O meu filho mais velho, hoje ele é formado em engenheiro civil.
02:17O meu filho caçula, faz educação física pela UEPA.
02:22E eles moram com a minha mãe.
02:24Então, assim, apesar de toda essa dor,
02:27de todo esse sofrimento que aconteceu na nossa vida,
02:31mas eles conseguiram seguir em frente.
02:32O alicerce de valores que eu sempre dei para eles,
02:36ensinei a eles, foi suficiente para eles conseguirem ter uma vida digna,
02:41conseguiram realmente caminhar sozinhos.
02:46Essa era a minha maior preocupação.
02:48De como eles ficariam, de como eles iriam reagir a essa minha prisão,
02:53há tantos anos distante deles.
02:55Mas hoje eu vim para essa unidade em 2020.
02:59Eu sou formada em pedagogia pela Universidade Federal do Pará,
03:03antes do cárcere.
03:05E dentro da UCRF, eu tive a oportunidade de fazer mais uma graduação,
03:11letras pela Uninasal.
03:12já terminei essa graduação, que com certeza vai vir agregar,
03:20veio agregar conhecimento e também para o meu currículo.
03:24E hoje eu trabalho aqui na COSTAF.
03:26Então, o trabalho, ele ressocializa.
03:30O trabalho, ele traz remissão de pena.
03:32O trabalho, ele traz capacitação.
03:34Quando eu vim para a COSTAF, eu não sabia nem pegar em uma agulha.
03:39Porque sempre fui professora, eu era funcionária pública.
03:42E quando eu cheguei aqui, eu me deparei com esse novo universo.
03:45O mundo da criatividade, o mundo da moda,
03:49o mundo das habilidades, das particularidades, especificidades que cada uma tinha.
03:54E eu abracei esse projeto para mim.
03:57Então, hoje, eu tenho dentro desse lugar
04:02perspectivas de vidas diferentes.
04:04Porque antes eu imaginava, vou sair daqui,
04:07vou voltar para a minha profissão, o que eu vou fazer.
04:10Hoje, eu tenho o leque meu, hoje é maior.
04:14As oportunidades para o trabalho, para mim, hoje é maior.
04:17E o trabalho tem me ajudado também a remir a minha pena.
04:22Se eu não trabalhasse, eu só iria progredir para o Semiaberto em 2027.
04:26Com o meu trabalho, meu estudo, eu já vou, esse ano,
04:30já era para eu ter ido, já para o regime Semiaberto.
04:33Então, assim, eu desejo, assim, todo o amor, todo o carinho, sabe?
04:40O que eu queria era só poder dar um abraço nos meus filhos, sabe?
04:45E na minha mãe também, e dizer para eles que eles são o motivo de eu estar de pé.
04:52Eles são o motivo de eu aguentar tudo isso, porque não é fácil.
04:57Mas saber que eles estão lá fora me esperando, isso me dá forças.
05:04E me traz esperança também de que logo mais eu vou estar em casa.
05:09Eu imaginei que esse ano eu já estaria de licença, né, junto com eles.
05:15Mas ainda não foi possível.
05:16Mas eu quero dizer para vocês, meus filhos, minha mãe, eu não sei se vocês vão me ouvir, se vocês vão assistir,
05:24mas eu quero dizer que vocês são o que eu tenho de mais precioso na vida.
05:28Vocês são o meu tudo e vocês são o meu orgulho.
05:32Nós estamos aqui há um ano e quatro meses, né?
05:36E é uma experiência, para mim, uma experiência, assim, um pouco difícil, mas também maravilha, né?
05:45De poder estar junto com o meu filho, né?
05:47De poder estar todos os dias, desde o começo da amamentação, né?
05:51Estar com ele, perto de mim.
05:54Eu acho uma maravilha, né?
05:56Quando a gente está perto dos nossos filhos.
05:58E como é que está a sua expectativa para o Dia das Mães, né?
06:01Para essa data que está próxima?
06:03Eu estou com a expectativa, né?
06:05Que eu possa estar a qualquer momento com meus outros filhos.
06:10E...
06:10É também uma parte, né?
06:12É um pouco...
06:14Mas eu creio, assim, que o Dia das Mães, né?
06:18É uma data que foi especificada no calendário.
06:22Mas o Dia das Mães é todos os dias, né?
06:24Todos os dias a gente aprende, né?
06:26A gente recebe o amor dos nossos filhos e a gente aprende cada dia mais a amar eles.
06:32E os outros filhos?
06:33Você tem saudade?
06:34Como é que bate, assim?
06:35Como é que você vive, assim, com a saudade dos seus outros?
06:37Hoje você está com o Brunine, mas e os outros quatro?
06:40Os outros quatro também eu sinto saudade deles.
06:44Eu fui de licença, né?
06:45Eu vi eles.
06:47E...
06:48Foi bastante difícil eu voltar para cá, né?
06:51Mas eu voltei e eu estou com muita saudade deles, né?
06:55Eu espero ver logo cada um deles poder estar perto.
07:02Andresa, me conta um pouquinho, né?
07:04Da sua história.
07:05Você é mãe de cinco filhos, né?
07:08Você foi mãe a primeira...
07:09De primeira...
07:10A primeira vez.
07:11Com que idade?
07:12Com 13 anos.
07:13Com 13 anos eu engravidei do meu primeiro filho.
07:16Eu tenho 18 anos.
07:19E...
07:19Foi muito bom.
07:21Foi muito bom para mim.
07:22Foi como se...
07:24Porque...
07:26Acho que abaixo de ser chamada filha, né?
07:30É...
07:31A maravilha é também ser chamada mãe, né?
07:34Então, eu tive meu filho, eu era novinha.
07:38Mas...
07:39Devido...
07:40Devido a não ter, assim...
07:42Pais, né?
07:43E eu vi em uma casa e uma outra, a avó dele acabou ficando com ele, né?
07:49E o pai também, do mais velho.
07:51Mas a gente tem contato, a gente sempre teve contato.
07:55E foi como se nesse tempo tirasse um pedaço de mim, né?
07:59Mas logo depois veio o Juan, né?
08:02Preenchendo todo aquele vazio que eu sentia por eles terem me...
08:06Tirado meu filho de mim, né?
08:08E veio o Juan.
08:11E passamos já muita experiência.
08:12O Juan tem 13 anos.
08:15E logo depois do Juan veio a Julie, né?
08:17Que vai fazer agora 11 anos, dia 23.
08:20E depois veio a Maria.
08:22E depois veio o Bruno Emanuel, né?
08:24Então...
08:25São experiências maravilhosas, né?
08:29Que...
08:30Quando eu fui mãe, não me senti sozinha mais.
08:33Quando a gente ouve o filho chamar de nós pra mãe...
08:36Mamãe que quer ir com a gente, né?
08:39Chora pra querer estar com a gente, chora pra mamãe.
08:42É como se...
08:44Um balanceado na nossa vida balançasse e dissesse que a gente não está só.
08:49Que a gente tem, de verdade, pessoas que amam a gente.
08:53Porque nada compara o amor de mãe pra filho e filho pra mãe, né?
08:59O único amor é o amor do pai mesmo, que é comparado.
09:02Então é muito maravilhoso ser mãe.
09:04Andresa, você se imagina, assim, um dia passando o Dia das Mães com todos os seus filhos?
09:12Mas...
09:13Não entendo nem palavras, né?
09:15Pra...
09:16Expressar.
09:19Né?
09:20Será maravilhoso nesse dia.
09:24Né?
09:24E eu creio que logo vai chegar o momento.
09:28Que a gente vai estar junto.
09:29Ainda que não seja o Dia das Mães, né?
09:31Mas...
09:32Será...
09:34Qualquer dia é um dia maravilhoso.
09:35Eu tive agora recente com eles lá na rua, né?
09:39Na licença do...
09:41Da Semana Santa.
09:43E...
09:44Foi maravilhoso.
09:45Né?
09:45Foi maravilhoso.
09:46Deus me deu esse anjo, porque eu pensava que eu não ia ter mais filho, né?
09:53E foi uma complicação muito delicada, né?
09:57Eu...
09:58Eu fiquei internada no hospital, foi uma cirurgia muito de risco, fiquei entubada, pensava que
10:05eu ia morrer, mas graças a Deus tô aqui, tenho meus cinco filhos, então tudo bem, graças
10:12a Deus, não tá sendo fácil porque tô presa, né?
10:15Mas tem uma experiência muito boa.
10:18Por tá dando todo o carinho, todo o amor, limpa, Deus tá me alimpando, aqui tá um tratamento
10:24muito ótimo.
10:26E...
10:27Tô buscando a Deus e que uma nova vida.
10:30Que cirurgia foi essa que a senhora fez?
10:32Uma operação, barriga aberta.
10:35Aí, na hora, deu uma complicação.
10:36Mas por que você fez essa cirurgia?
10:38Porque aí, mandaram me operar lá, tá?
10:43Isso foi antes da senhora ser presa?
10:44Não, foi aqui, já aqui dentro.
10:47Aí, mandaram me operar e a minha cirurgia, ela...
10:50Ela abriu.
10:52Aí, eu não sei, na hora que ele tava botando aí no meu peito pra mamar, aí na hora me
10:57deu uma hemorragia.
10:59Ah, ele já tinha nascido?
11:00Ele já tinha nascido.
11:01Foi depois da cirurgia, me levaram pra uma sala, aí me deu uma hemorragia.
11:06Aí, depois do meu, eu apaguei, me acordei já toda entubada.
11:10Ele nasceu e logo depois veio uma complicação de mamar.
11:13Foi.
11:13Aí, depois veio uma complicação.
11:15Aí, eu acordei toda entubada.
11:18Eu ressuscitei de novo, porque foi Deus, né?
11:20Quando Deus tem uma obra na nossa vida, ele não deixou a gente partir assim.
11:24Mas no hospital, eu tava me dando como um morto.
11:27Como é que a senhora se imagina a passão do dia das mães assim com seus filhos?
11:31Não é fácil, porque eu sinto uma saudade da minha mãe.
11:35Onde sua mãe mora?
11:36Ela tá morando no Barreira, cadeirante, aí ela tem problema de visão, ela não enxerga.
11:42Aí, o pai dele que tá lá com ela, cuidando dela, ele trabalha.
11:46Aí, às vezes, ele paga alguém pra ficar com ela.
11:49Ela tem 72 anos.
11:51Como a minha mãe é cearense, a minha família, a maioria, tudo de lá.
11:56Entendeu?
11:57Aí, tá sendo fácil, né?
11:59Mas quem pode dar força pra nós é Deus.
12:04E a senhora, assim, já passou algum dia das mães com todos os seus filhos?
12:08Já.
12:08Já?
12:09Foi ótimo.
12:10Natal, ano.
12:12Fez o aniversário deles.
12:13Foi muito lindo.
12:14E a senhora se imagina logo, logo também passar novamente com todos eles?
12:21Com todos eles.
12:24Sim.
12:25Com a sua mãe.
12:26Sim.
12:26Com a sua mãe.
12:26Sim.
12:26Com a sua mãe.
12:26Sim.
12:26Com a sua mãe.
12:27E a senhora se imagina logo, logo também passar novamente com todos os seus filhos.

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