00:00Conversando aqui com a Milene. Milene, conta aqui pra mim um pouquinho como foi a situação de ontem e o que te levou a invadir a casa.
00:07Então, o que me levou a invadir a casa foi que eu participei do sorteio, né, sobre as casinhas aqui, que era da Passeia da Avenida do Marama,
00:16e no fim acabou não saindo, daí ficou pra habitação pra sorteio, né, só que o que me levou a invadir foi porque ninguém aqui do bairro ganhou a casinha, né,
00:25por mais que foi um sorteio, eu acho assim, do meu ponto de vista, que a gente tinha que olhar pra gente aqui do bairro,
00:31que não tem condições, né, de pagar um aluguel, né, que tem criança, que mora sozinha, e eu acho assim, que eu achei injusto,
00:38o sorteio injusto, e como que eu não tenho condições de ficar pagando aluguel com o neném, né, BPC, e eu tenho o meu outro menino,
00:45sozinha eu peguei e levei a invadir, né, tipo um grito de socorro pra eles verem que a gente, não só eu,
00:51mas quando muitas meninas aqui, muitas mulheres, precisa de uma casa, uma moradia.
00:55Porque os aluguel aqui é tudo caro, e a gente não tem condições, não tem renda, e aí fica difícil, né,
01:00aí eu acabei invadindo, entrei na casa e invadi.
01:03Você entrou ali, você e mais alguém? Conta pra gente como que foi o dia.
01:09É, foi na quarta-feira à noite, no mesmo dia do sorteio, daí nós invadimos à noite, né, de madrugadinha,
01:14e entrou eu, entrou mais três comigo, né, mais três mães, né, aí teve o apoio de uns pessoal, né,
01:21do lado da população, e entramos, ainda estava em quatro mãezinhas, né, aí tinha o meu,
01:28só que eu só levei o meu pequeno, o meu mais velho não, só estava o meu pequeno,
01:31e aí tinha os outros, as outras mães com o filho também.
01:34E você tinha me dito também, que você, naquele episódio ali, daquela invasão no terreno ali do lado do aeroporto,
01:41você estava lá.
01:43Sim, eu estava.
01:43Pode contar um pouquinho pra mim sobre isso?
01:44Sim, é, que daí teve uma época, né, que a gente invadir o terreno do aeroporto,
01:48eu e mais famílias, né, mais distintas famílias, e eles prometeu, né, dar uma moradia, resolver, ver a situação,
01:54isso já passou cinco anos, e nada foi feito.
01:58E aí a nossa oportunidade, a nossa esperança era essas casinhas aqui,
02:01porque como que foi feito para a Avenida do Marama, não foi construída para doar para habitação,
02:04foi feita para entregar para o Avenida do Marama, e não deu certo,
02:08eles tinham que, no meu caso, no meu ponto de vista, como que a gente tem cadastro na habitação,
02:12foi até aprovado que eu mesma participei do sorteio, como outras mães daqui,
02:16que foi várias mães solucionadas para participar do sorteio,
02:18eles tinham que ter doado essas casas para a gente, né, que já mora aqui,
02:21que dá preferência para a gente aqui, que já mora aqui no bairro, né,
02:25inclusive eu tenho meu menino que estuda, que faz curso aqui,
02:28é difícil sair daqui para morar do outro lado da cidade, tirar meu menino de onde ele já,
02:31isso é estruturado, já, né, já tem tempo que estuda.
02:34E para mim é mais fácil aqui, porque tem minha mãe que me ajuda, né, com meu neném,
02:38que me dá um apoio aqui, tem a minha família aqui que é mais perto,
02:41para mim era bem melhor uma casinha aqui no bairro, né,
02:44aí por isso que o que me levou a invadir foi sair,
02:47porque eles tinham que dar uma preferência para a gente,
02:49eles nem vieram falar nada, só ganhou o marame inteiro no sorteio,