Nos Interstícios da Realidade, ou O Cinema de António de Macedo | movie | 2016 | Official Trailer - video Dailymotion

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Nos Interstícios da Realidade, ou O Cinema de António de Macedo | movie | 2016 | Official Trailer | dG1fb3plUWctdENWTUk

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00:00e agarra o primeiro peixe que morder.

00:03Abre-lhe a boca.

00:07Encontrarás um estáter.

00:09Toma-o e entrega-o por mim e por ti.

00:14Quando se fala de cinema novo, nunca se fala de um macedo.

00:17E isso é uma injustiça absurda.

00:22O António foi sempre, em todos os momentos,

00:27o António foi sempre antinaturalista.

00:30A realidade corrente não lhe interessava.

00:36Isso, penso eu, custou-lhe a carrega.

00:42O António Nascente passou, pura e simplesmente, a ser perseguido.

00:45Tudo aquilo que escreveu para transformar em filmes

00:48e que decorresse do seu conhecimento profundo das ciências esotéricas,

00:55foi, pura e simplesmente, rechaçado.

00:57Este homem não pode filmar.

01:04E, para além disso, a própria história dele foi apagada.

01:08As histórias que se descrevem do cinema,

01:11quer dizer, o nome do meu pai começou, literalmente, a desaparecer.

01:15Não me lembro sequer de alguém me ter falado nele durante a escola.

01:25O Macedo sempre teve um lado de rebeldia

01:28contra o que era permitido ou o que não era permitido.

01:32Lembram-se das Horas de Maria,

01:34a pequena revolução que deu à porta do Cinema Nimas, aqui em Lisboa,

01:38em 1976?

01:44O Macedo foi muito abafado.

01:46Ele provocou, praticamente, todas as instituições,

01:49a igreja, os militares, os civis, os políticos.

02:00O António Macedo, de facto, pensava de uma maneira diferente.

02:03O António Macedo não pensava como a maior parte das pessoas

02:06que em Portugal estavam a fazer cinema.

02:08Consola-se com a ideia de que todos somos pedidos.

02:12É muito mais importante desafiar o gosto do que ter bom gosto.

02:19É meio caminho para uma censura social, fazer censura de gosto.

02:27Nunca havia um espelho de cabeça descoberto.

02:30Ele não se dava nada bem para os outros realizadores da época,

02:34como o Fernando Lopes, como o Paulo Vasco.

02:36Havia algum antagonismo.

02:43Eu lembro-me que tinha escrito uma crítica, nunca mais a li,

02:47mas que era uma crítica bastante feroz.

02:50E há uma coisa que estou arrependido.

02:53O António nunca mais pode fazer cinema.

02:57Só me voltava a ouvir esta.

03:00Este que quis sempre matar o António.

03:05Agora diz papel.

03:18A CIDADE NO BRASIL

03:31Existe a capacidade de uma ruína rasta e rastal

03:35encuralada com rasteja que rasga a carne escorraçada?

03:39A CIDADE NO BRASIL

03:46Não teria sido loucura aceitar-lhe o desafio,

03:49mesmo para ficar a saber o que ela verdadeiramente pensava?

03:52Há um carro que nos atravessa de súbito na estrada.

03:55Para isso tirou o pé do acelerador e gritou-me que travasse.

04:00Há filmes que gostam de uma reputação que não merecem.

04:03E outros que foram, infelizmente, esquecidos.

04:06Mas talvez um dia isso venha ao de cima

04:09e se faça a história de outra maneira.

04:11Eu penso que o Maceio vai passar a ser um cão de cineasta.

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