António Luís Cotrim, 73, lembra que teve a primeira noção clara do quanto a ditadura fazia mal aos portugueses quando pisou em Lisboa em 1963
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Uma das maiores queixas dos brasileiros que escolheram Portugal para viver é o distanciamento com que são tratados pelos portugueses. Há relatos de pessoas que estão há anos morando no país, mas nunca receberam um convite para uma festa ou um almoço na casa de um lusitano. Para que essa barreira seja superada, é preciso apenas um elemento: confiança. Muitos veem exagero nesse comportamento, mas os portugueses ainda carregam consigo resquícios da mais longeva ditadura da Europa — foram 41 anos de autoritarismo —, em que o inimigo podia estar dentro de casa. Qualquer palavra contra o regime de exceção poderia ser denunciada à temida Pide, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Pais entregavam filhos, irmãos delatavam irmãos, tios e primos não perdoavam opositores. Estima-se que a Pide contava com mais de 200 mil colabores à época.
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