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Nicole Rose, atacante do Nacional de Visconde do Rio Branco, é a primeira jogadora trans a atuar no futebol profissional de Minas Gerais. De volta ao esporte aos 38 anos, ela é inspiração para as companheiras de time e a comunidade LGBTQIAPN+.

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Transcript
00:00 Meu nome é Nicole, tenho 38 anos, sou jogadora de futebol do time feminino profissional do
00:04 Nacional de Visconde do Rio Branco, sou atacante do time.
00:07 Comecei a jogar futebol com 6 anos de idade, jogando no BH mesmo, sou de BH.
00:19 Com 7 anos entrei no meu primeiro time de futebol de campo, comecei a competir, comecei
00:23 a ter o sonho de me tornar uma jogadora profissional de futebol.
00:26 Mas com cerca de 12 anos para 13 anos já me identificava uma pessoa muito diferente
00:36 dos meus coleguinhas ali, das outras crianças e tal.
00:39 Não sabia o que era, na época não tinha ainda rede social, não tinha muita informação,
00:44 não tinha amigos LGBTs para conversar, psicólogos.
00:47 Então resolvi parar de jogar futebol por um ano para tentar me identificar, me conhecer.
00:57 Voltei para a categoria de base e até que com 20 anos eu consigo chegar ao profissional
01:02 e disputar a minha primeira partida, nessa época indo no masculino.
01:10 Disputo minhas primeiras partidas e aí acontece de eu romper o ligamento do joelho, que é
01:14 um momento de muita dor, porque você acabou de chegar no seu sonho e tem que parar.
01:19 Mas foi um momento de muita reflexão para mim, porque eu consegui pensar nas minhas
01:25 questões pessoais, de quem eu era e de conseguir ter uma perspectiva de uma carreira de 15
01:34 anos, 20 anos jogando, amadurecendo e transformando um corpo mais masculino, totalmente oposto
01:42 do que eu gostaria.
01:44 Embora a gente não tivesse exemplos e referências na época, eu já consegui visualizar uma
01:51 carreira muito triste para mim, uma vida muito triste, que eu não sabia nem se eu ia dar
01:56 conta de levar.
01:57 Resolvi me assumir como uma mulher trans e eu sabia o que isso significava, que naturalmente
02:11 era a perda do meu sonho de jogar futebol.
02:14 E de fato é o que acontece, eu fiquei mais de 11 anos sem nem chutar uma bola depois
02:18 disso.
02:19 Volto a competir em futebol de campo agora no nacional, numa situação completamente
02:24 diferente, onde eu sou muito bem quista e recebida, que comprou a minha briga também.
02:30 É um cenário de sonho, de o universo chegar e falar que toma sua segunda chance, vou te
02:40 dar uma segunda chance, você perdeu 17 anos sem jogar, vou te dar uma outra chance e aí
02:46 estou aqui para tentar aproveitar o melhor possível essa chance.
02:49 É o que eu senti desde o início, que eu sou só mais um.
02:55 Para mim é assim, mas vocês são 18, jogaram em vários times e nunca teve.
03:00 Talvez alguém tenha um sentimento diferente, não tem problema, é fácil, é falar algo.
03:05 Para mim é novo também, mas não é coisa...
03:09 Você queira diminuir o teu barrigado, não pode, pode ter muito preconceito, mas você
03:21 já pode só estar aqui lutando por isso, pelo que você quer e ser top.
03:26 E depois você vai ter gente demais também, você abre uma porta para muitas pessoas.
03:32 E o bom é que você já entrou no nosso time.
03:41 E o bom é que você entrou no nosso time e não sentiu nada de diferença.
04:02 Uma menina me mandou uma mensagem, uma menina trans, falando que foi contratada por um time
04:06 que eu não quero citar, para não melar nada, mas ela falou que esse time me viu, viu a
04:14 repercussão, viu que tudo bem ter uma menina trans e contratou ela.
04:19 Então eu acho que já teve um impacto legal.
04:23 A gente está em 2023, eu sou a única que está jogando, talvez daqui a pouco a gente
04:28 tenha duas.
04:29 Isso é muita coisa para a gente.
04:31 É isso aí, gente.
04:32 Obrigado.
04:33 [Música]
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