Momento Empresarial: Poder de compra da nova nota de R$ 200 despenca

  • há 3 anos
Encher o tanque de gasolina, fazer compras de supermercado por 15 dias ou garantir a carne no prato por, pelo menos, dois meses. Esse era o poder de compra do consumidor com apenas uma nota de R$ 200, há um ano. O cenário, porém, mudou. Agora, ninguém consegue encher nem meio tanque com esse valor. A alimentação também ficou mais restrita. Antes, com R$ 200, quase se enchia o carrinho de supermercado, agora sai com duas ou três sacolinhas em mãos. Uma compra realmente farta, com carrinho cheio, não fica menos do que R$ 800.

Os aumentos apontados são comprovados no último IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado em agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No ano, o índice acumulou alta de 5,81% e, em 12 meses, de 9,30%. No caso do setor de alimentação e bebidas, a alta foi de 1,02% somente em agosto.

Lançada há um ano, durante a pandemia, para suprir a necessidade de papel moeda nos pagamentos do auxílio emergencial, a nota de R$ 200 passa pouco pelas mãos dos brasileiros. De acordo com o BC, foram produzidas 450 milhões de cédulas de R$ 200, mas menos de 20% foram colocadas em circulação.

Embora a nota seja difícil de ser encontrada, o BC afirma que a entrada em circulação da cédula, assim como aconteceria com qualquer outra, ocorre de forma gradual e de acordo com a demanda da sociedade. “O ritmo de utilização da cédula de R$ 200 vem evoluindo em linha com o esperado e seguirá em emissão ao longo dos próximos exercícios”, informou o BC. O poder de compra da cédula, no entanto, despencou.

Câmbio

O principal fator que tem causado a inflação é a alta do dólar, afirma o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior. “A taxa de câmbio tem impacto em tudo. Quando essa taxa fica muito alta, aumentam os custos de produção e os preços sobem”, explicou. Como segundo motivo dos altos preços nas prateleiras, Ronaldo aponta a elevação nos preços das commodities, principalmente agrícolas. “A alta das commodities tem afetado diretamente o preço dos alimentos, impulsionada pela demanda internacional muito forte e por eventos climáticos que afetaram a produção”, diz Souza Junior, referindo-se às secas e às geadas.

Quem mais sente a inflação no bolso é o brasileiro de baixa renda. A última Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada em julho pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), identificou um valor médio de R$ 560,65 da cesta básica em 17 capitais analisadas. O valor equivale a 55,68% do ganho líquido do trabalhador remunerado com um salário mínimo (R$ 1.100).

O índice Abrasmercado, da Associação Brasileira de Supermercados, traz um número ainda maior. Os dados de junho da Associação apontam que houve uma alta de 22,11% na comparação com maio, passando de uma média nacional de R$ 542,27 para R$ 662,17 no valor da cesta com os 35 produtos de largo consumo nos supermercados.

O poder de compra da cesta com um salário m

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