O sujeito chegou como quem não quer nada, encostou no balcão e a cana já pingou. Como veio, desceu, na primeira bicada. Olhou fundo no copo vazio: suspirou!
No espelho da vida, a alma cansada. O silêncio do apito do trem que não chegou Revestiu de agonia mais uma alvorada Escondeu a vista marejar e cantou
Pra não chorar, cantou pra não chorar Tem a noite para crer O dia pra suportar
O sujeito contou cada hora marcada Escutou quem se abriu, quem mentiu e quem zombou No escuro de quase nenhuma palavra O alívio que tinge o olhar encerrou
No esgueio da guimba, a volta pra casa O primeiro sorriso a mulher quem avistou Já é tarde, beijou a criança deitada Soluçou alegria de amar e chorou
Pra não cantar, chorou Pra não cantar Tem o dia para crer A noite pra suportar