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  • há 7 anos
OS TRAIDORES REFRATÁRIOS DESTA PÁTRIA, QUE NÃO OS DEVIAMOS VIVER NELA.


No seu site, ontem: “Manuel Alegre Melo Duarte cumpriu o serviço militar, nomeadamente em África e em situações de combate.” Alegre, de quem se dizia que foi um desertor, teve de vir dizer que não o foi, esteve em Angola, em situações de combate, foi preso e mandado regressar a Portugal – de onde, na iminência de ser preso pela PIDE, exilou-se, em 1964. Parecerá uma declaração insólita mas as calúnias que há para aí (o para aí são as caixas de comentários que a Internet permite) obrigaram Alegre a fazê-la.
Calúnia batida: ele teria pisado a bandeira portuguesa. Ora Alegre já respondeu a isso e há muito: os seus poemas dos anos 60 são de um homem que amava o seu país. Mas de que vale a palavra contra a insídia? Alegre foi obrigado a vir dizer que não foi um desertor. Eu, que desertei em 1969 e voltaria a fazê-lo se me obrigassem a participar na guerra colonial do lado que não era o meu, sei que ele não foi um desertor (e, já agora, eu também não, mas isso não interessa). Ele não desertou porque teve opinião, por a ter foi preso e teve de se exilar – e não me apetece ter de explicar que ir para o exílio não era o caminho mais fácil. Desertores, nos anos 60, foram os que calaram. Eu, como não sou candidato a nada, estou-me borrifando para as caixas de comentários.
“Desertores, nos anos 60, foram os que calaram.” Meditem bem nesta frase deste “iluminado”. Afinal, quando a partir de Março de 1961, as catanas começaram a esquartejar os portugueses em Angola, aqueles que ali acorreram para os salvar da morte como a grande maioria o fez, são agora os “desertores”. Tentar dizer que a ida dos milhares de soldados que fizeram a guerra em África significou um apoio expresso ao regime vigente, merece o repúdio daqueles que cumpriram o seu dever. Desertores, foram aqueles que à pala da pura cobardia fugiram ao seu dever de cidadania e solidariedade para os nossos concidadãos que cobardemente estavam a ser assassinados em África e regressaram anos mais tarde da clandestinidade feitos “heróis”, arautos da liberdade, mas que efectivamente não passam de falsos moralistas.
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