Perdão de Hollande a Jacqueline Sauvage gera controvérsia

  • há 7 anos
A intervenção de François Hollande no caso de Jacqueline Sauvage divide opiniões em França.

Jacqueline teve um casamento de 47 anos repleto de violência física e sexual que se estendeu aos filhos. Nunca apresentou queixa nem se divorciou.

Em 2012, matou o marido com 3 tiros nas costas. Foi condenada a dez anos de prisão em 2015.

A primeira graça presidencial deu-lhe o direito a apelar para liberdade condicional, direito esse que é interdito em França durante os 5 primeiros anos de prisão. O apelo foi rejeitado judicialmente por duas instâncias.

A segunda graça presidencial libertou Jacqueline Sauvage por inteiro.

J’ai décidé d’accorder à Jacqueline Sauvage une remise gracieuse du reliquat de sa peine. Cette grâce met fin immédiatement à sa détention.— François Hollande (@fhollande) December 28, 2016

Virginie Duval, da União Sindical dos Magistrados declarou, a propósito da decisão presidencial: “Neste caso houve várias decisões judiciais e, no fim, a mensagem enviada por Hollande é: “Vá, vão bater à porta do presidente. Ele pode desfazer tudo o que a justiça fez. Não tenho a certeza de que seja uma boa mensagem, a que foi dada.”

Há dez anos, enquanto secretário do partido socialista, Hollande dizia querer acabar com o perdão presidencial por não achar normal que, em democracia, houvesse alguém que pudesse interferir com a lei.

No caso de Jacqueline interferiu duas vezes e sobrepôs-se à voz judicial.

A classe política manifestou agrado com a decisão do Presidente francês.

Je salue la décision humaine du Président concernant Jacqueline Sauvage. Continuons à combattre les violences faites aux femmes.— Manuel Valls (@manuelvalls) December 28, 2016

#JacquelineSauvage : enfin ! Une bonne décision !— Florian Philippot (@f_philippot) December 28, 2016

Nathalie Tomasini, advogada de Sauvage, afirmou: “Estou muito comovida. É uma vitória tremenda. É uma mensagem extremamente forte enviada pelo presidente a toda a sociedade francesa.”

#JacquelineSauvage is out of jail! May she enjoy deserved freedom and peace now! We continue the fight pic.twitter.com/PL5hnE6vRM— inna shevchenko (@femeninna) December 28, 2016

Jacqueline Sauvage tornou-se o símbolo feminino da violência doméstica, mas também se tornou o centro do debate sobre a separação entre o poder judicial e o poder político.
A única certeza agora é que Sauvage fez 69 anos na prisão, mas passa o Ano Novo e o futuro em liberdade.

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