"A Europa pode ser um fator de vitória numa eleição"

  • há 7 anos
Duas votações enviaram uma mensagem contraditória, este fim-de-semana, na Europa.

Os austríacos elegeram um Presidente ecologista, pró-europeu; enquanto que os italianos rejeitaram a reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro, que decidiu demitir-se.

Para debater este tema, o correspondente da euronews em Bruxelas, Grégoire Lory, entrevistou André Sapir, analista político do Instituto Bruegel.

Grégoire Lory/euronews (GL/euronews): Com estes resultados, sobretudo a vitória do candidato ecologista na Áustria, foi evitado o pior cenário que pairava sobre estes escrutínios?

André Sapir/analista político (AS/analista político): Absolutamente. Algumas pessoas, inclusive eu, temíamos que fossem duas votações de sentido negativo: tanto na Áustria como na Itália. O resultado da votação austríaca foi um grande alívio.

Na Itália, o resultado era mais esperado. Mesmo que ainda seja um choque, é um choque menor. E pudemos ver como se comportaram os mercados financeiros, que não reagiram muito mal. Por isso, havia alguma antecipação de que este poderia ser o resultado.

GL/euronews: Face a estas duas votações em países da zona euro, entrou-se num novo período de incerteza?

AS/analista político: Diria que no caso da Áustria, não. É até o oposto. O que aconteceu na Áustria mostra um contraste com o que se tem sido discutido, nas últimas semanas, sobre o Brexit e como poderia contagiar países como a Holanda e a Dinamarca, onde há muito euroceticismo.

Vemos que a opinião pública austríaca mudou um pouco e que, mesmo que seja cética, não está disposta a ir tão longe quanto a opinião pública do Reino Unido. A União Europeia continua a ser uma base importante para a população, mesmo que se sinta insatisfeita com ela.

Penso que a melhor notícia – que espero seja também uma lição em campanhas futuras – é poder dizer-se que a Europa pode estar no centro da campanha e ser um fator de vitória nessa eleição.

O problema italiano não está tão relacionado com o que se passou no Brexit, não está associado a um sentimento de rejeição da Europa, mas deve-se mais a um mal-estar que existe em Itália, há muitos anos, face a um baixo crescimento económico que impede a resolução de vários problemas.

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